quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O EMISSÁRIO DA LUA CRESCENTE

Aconteceu numa quinta feira chuvosa. Inclinado sobre a mesa de meu escritório, folheava algumas anotações para compor um texto que me fora pedido pelo chefe de uma editora de livros. O silêncio da madrugada foi rompido pelo ruído da água da chuva batendo no vidro da janela, juntamente com o vento cortante que balançava as árvores. Sempre gostei de escutar aquele som da chuva que se faz presente nas noites de sono. Quando fechamos os olhos reclinados no travesseiro e não pensamos em absolutamente nada, reclusos a nós mesmos, apenas aguardando o corpo ceder a ausência de pensamentos, para então deixarmos este mundo visível e mergulharmos nos mistérios daqueles momentos de uma quase inexistência terrena. Minha mão retirou do casaco o relógio de bolso que me fora presenteado por meu avô. Puxei o relógio pela corrente dourada que brilhava e que me acompanhava há 35 anos. Aquela peça resistira ao tempo e a modernidade, e continuava funcionando com precisão e elegância próprias, típica de um objeto que já não se encaixava naquele cenário. Foi então que escutei o ruído na porta principal, as batidas secas e insistentes me despertaram de um sono que dominava-me aos poucos anestesiando meu corpo sorrateiramente. Descansei a caneta no tinteiro, e devolvi o maço de folhas de papel no canto da mesa; as batidas prosseguiam e fizeram-me ajeitar o casaco com pressa, descendo rapidamente os degraus que me levaram a sala principal. Meus dedos aproximaram-se da fechadura da porta, e quando a chave foi colocada no buraco da tranca de metal, fui surpreendido por um cartão que foi jogado por de baixo da porta deslizando até parar ao lado de meu pé esquerdo. Inclinei-me e apanhei o pedaço de papel que trazia apenas as seguintes palavras escritas em vermelho: “Caro Sr. Paulo Strik, o encontrarei hoje às 23:00hs”. O curioso cartão não trazia nenhuma assinatura e tampouco o local do citado encontro. Terminei de destravar a fechadura, e abri a porta encontrando apenas a claridade fraca de um poste de luz que iluminava o jardim. Além dos muros da casa observei dois guardas distantes caminharem vagarosamente por entre as árvores, e em seguida desaparecerem ao dobrarem a esquina engolidos pela preguiçosa névoa que invadia as ruas. Não havia mais sinal de ninguém. De volta ao escritório, reclinado no sofá que ocupava o canto daquele cômodo, observei novamente o cartão cujas palavras enigmáticas permaneceriam na minha mente até a noite do dia seguinte. Não imaginava que estava preste a receber o mais estranho e inesquecível visitante de toda a minha vida.
É estranho como o tempo parece desacelerar quando estamos na expectativa de algum acontecimento; e nunca me senti tanto a mercê do tempo quanto naquele dia, inevitavelmente vulnerável àquela situação em que todo o cotidiano de nossas vidas parece insignificante diante de um desdobramento do destino. O relógio da parede marcava 19:00 hs. quando fechei a pequena janela do escritório. Debruçado sobre a mesa escura de madeira, observei a xícara de porcelana azul bem a minha frente dividindo o pequeno espaço com a antiga máquina de escrever e o rádio; um vapor subia do seu interior e espalhava o aroma de café em todo o recinto. No canto esquerdo um armário continha diversos livros empilhados organizadamente, alguns empoeirados pelo esquecimento, outros recheados com folhas de anotações e marcadores de páginas; nem mesmo a governanta do lugar atrevia-se a mexer naquele ambiente após minhas recomendações. Disputando o espaço dos livros, uma caixa de madeira nobre do oriente ricamente detalhada adormecia no canto da estante, trancada por um pequeno cadeado prateado. Um porta-retratos e uma pilha de jornais amontoados dividiam a prateleira mais baixa. Meus olhos detiveram-se no porta-retratos, que trazia a imagem de um garoto com um sorriso inocente vestindo um boné preto e um macacão sujo de barro. Seus braços envolviam um cão que olhava atentamente para a foto. O belo animal de pelagem branca e maior do que o garoto convivera naquela casa por onze anos. Meus pensamentos me levaram novamente para minha infância, enquanto observava fixamente aquela fotografia, e assim fui inundado por inocentes e alegres lembranças ao me reencontrar com aquela imagem eternizada no tempo.
A escuridão exterior parecia querer invadir meu espaço, impedida apenas pelo vidro da janela e pela forte luz daquele cômodo. Bebi mais um gole do café e reclinei-me na cadeira, distinguindo apenas o distante ruído da empregada arrumando as panelas na cozinha. Comecei a recapitular aquela quinta-feira já quase terminando; em todos os momentos e em todos os afazeres de um dia agitado, minha mente sempre estivera centrada nos acontecimentos daquela madrugada, e nas palavras do cartão prenunciando uma visita que se fosse confirmada, estaria há poucas horas de apresentar-se diante de mim. Naqueles minutos de descanso estendi o meu braço e puxei o primeiro jornal da pilha que aumentava no armário, quebrando a rotina de algo que fazia toda manhã. Desdobrei o jornal do dia e após folhear algumas páginas encontrei uma matéria redigida por um repórter local cujo título em letras grandes e negras dizia: “MAIS UM DESAPARECIMENTO DO EMISSÁRIO DA LUA CRESCENTE?”, e assim prosseguia o relato: “As autoridades que investigam o desaparecimento dos três cidadãos nos últimos meses já o apelidaram de O emissário da lua crescente, (alcunha lhe atribuída em função do misterioso criminoso agir somente em noites de lua crescente). Embora os acontecimentos ainda estejam cercados de muitas suposições, tendo em vista que até o presente momento nenhuma testemunha o viu agindo, os fatos até agora corroboram para o inquestionável seqüestro das três vítimas, todas desaparecidas pelo mesmo espaço de tempo de uma semana, numa ação criminosa bem planejada sem deixar rastros para os investigadores. Na última declaração a imprensa o chefe de polícia afirmou que os desaparecimentos estão interligados, pois a perícia encontrou nas casas de todas as vítimas um pequeno cartão manuscrito contendo poucas palavras, cujo conteúdo ainda permanece em sigilo a pedido do comissário para não atrapalhar as investigações. Acerca das declarações das vítimas, o comissário afirmou ainda não terem os depoimentos contribuído substancialmente para o esclarecimento do caso, embora tenham apresentados vários pontos em comum. A assessoria de imprensa do departamento de polícia, informou que desde o retorno a suas casas os ex-desaparecidos permanecem incomunicáveis sob tratamento psiquiátrico, em razão dos depoimentos indicarem um forte estado de desequilíbrio emocional.” Uma sensação de temor e alerta percorreu todo o meu corpo quando terminei de ler aquelas linhas, e o primeiro pensamento inevitável foi o de considerar a possibilidade de ter me tornado na próxima vítima do misterioso visitante que batera a minha porta. Puxei o cartão do meu bolso, o coloquei sobre a mesa diante de meus olhos, e o reli por várias vezes imerso num explosão de sentidos que me atemorizavam de forma descontrolada. Rapidamente me levantei da cadeira, e com o jornal a mão, corri para a janela puxando o pequeno pino da trava empurrando o vidro para fora; meus olhos observaram a imensidão negra celeste pontilhada de estrelas sob minha cabeça, aquela silenciosa e desordenada cúpula de faíscas prateadas, rendia-se a beleza de uma lua brilhante encoberta parcialmente, confirmando ainda mais meus temores acerca do tempo naquela noite. Meus olhos detiveram-se por alguns instantes naquela imagem, hipnotizados pelo temor que a visão daquela lua alimentava em meus pensamentos, e somente retornaram para o interior do escritório quando escutei uma desconhecida voz bem próxima a mim romper o silêncio, denunciando que havia mais alguém naquele recinto.
- Boa noite Sr. Strick!... – uma voz forte denunciava um homem que encontrava-se a poucos passos da janela, e o medo novamente percorreu meu corpo paralizando-me por alguns segundos antes de me virar.
O relógio da parede marcava exatamente 23:00hs quando um visitante desconhecido de aparentemente 40 anos, parado em pé no meio do escritório vestindo um sobretudo negro e segurando uma pasta, retirou o chapéu para em seguida inclinar-se num gesto cordial diante de mim. Meus olhos detiveram-se com mais atenção naquela cena; por baixo do sobretudo uma calça azul escura descia elegantemente até os sapatos negros que brilhavam, pude perceber ainda que trazia na cintura um punhal, cujo cabo estava repleto de símbolos estranhos. Vestia uma camisa branca e uma gravata também azul.
- Perdoe-me se o assustei com minha súbita aparição, esta é uma situação recorrente e embaraçosa no meu trabalho, quase sempre assusto meus anfitriões. – dizendo isto o misterioso homem colocou o chapéu em baixo do braço e estendeu a mão esquerda em minha direção. Os olhos escuros observavam-me atentamente, a face alongada encoberta por espessos cabelos negros e os nariz curvilíneo conferiam-lhe um ar sombrio . Os lábios pequenos deixaram escapar um sorriso antes de me dizer seu nome:
- Permita-me apresentar,... meu nome é Eliot Vandrabe.
- O meu é Pa....- subitamente fui interrompido pelas palavras daquele homem..
- Paulo Strick!... eu já sei.
- Como? Como sabe? Eu asseguro que não o conheço. – lembrei que de fato Eliot Vandrabe conhecia meu nome, pois já o havia lido no cartão que me fora enviado.
- Mas eu o conheço há muito tempo Sr. Strick – o homem sentou-se na cadeira colocando a pasta no colo, o chapéu no chão, e convidou-me a tomar o outro assento prosseguindo - Sr. Strick, certamente esta será a conversa mais incomum que já teve na sua vida, acredite! Não vai crer em tudo o que vai escutar embora eu assim deseje profundamente.
- O que está havendo? Como entrou na minha casa?
- Por favor, eu lhe peço, sente-se comigo e tentarei lhe explicar o motivo de minha visita. – apontou mais uma vez a mão em direção a cadeira que ainda permanecia vazia próximo a mesa.
Me afastei da janela e decidi atender ao pedido, ajeitando-me na cadeira enquanto Eliot Vandrabe observava-me abrindo sua pasta e retirando um grosso livro e uma caneta.
- Como você entrou na minha casa? É um ladrão!? Arrombou a porta sem os empregados perceberem?
- Não, não arrombei a porta de entrada, e muito menos entrei por ela Sr. Strick – Eliot respondeu sem ao menos me fitar, pois seus olhos procuravam por entre as páginas do livro. De repente parou de folhear as páginas e me encarou fixamente diante da minha pergunta:
- Como então como chegou aqui?
- Eu não entrei pela sua porta Sr. Strick, e não subi as escadas, eu apenas apareci nesta sala.
- Apareceu? Como apareceu?
- Bom! Não existe uma maneira fácil de dizer isto Sr. Strick, e antes de lhe dizer as próximas palavras, eu quero lhe assegurar que não sou louco embora tenha certeza que assim o Sr. me considerará.
- O que está havendo? – Subitamente me coloquei de pé pois a aflição crescente impedia-me de ficar imóvel, sentia meu coração acelerado enquanto observava a calma com que o misterioso visitante continuava a falar.
- Sr. Strick permita-me esclarece-lo lhe fazendo uma pergunta: O Sr. acredita em anjos?
Durante alguns segundos o ambiente foi tomado de um silêncio ameaçador. Permaneci mudo diante da natureza da indagação de Eliot Vandrabe.
- O Sr. me ouviu? Me responda! – folheou mais algumas páginas do livro até encontrar a página que procurava, e com a caneta na mão prossegiu fazendo algumas anotações – Por que será que vocês temem os assuntos de ordem superior? – e voltou a me encarar esperando uma resposta que não veio.
- Não tenha vergonha, esta reação é natural, sempre as observo quando me revelo para as pessoas,... eu sou um emissário dos ares, um anjo como muitos de vocês preferem me chamar.
- Está me dizendo que você é um anjo?
- Sim, e antes que comece a me questionar permita-me provar a veracidade de minhas palavras.
Sentei-me novamente na cadeira e observei aquele homem começar a ler a página do livro de capa dura que segurava nas mãos. Depois de algumas frases ditas, me surpreendi ao perceber que escutava o relato da minha própria vida, com acontecimentos marcantes desde minha infância, incluindo detalhes secretos apenas de meu conhecimento. As descrições minuciosas e precisas de eventos marcantes da minha existência, aumentavam meus temores acerca das palavras de Eliot Vandrabe, e me senti perdido numa confusão de questionamentos que me deixaram a mercê das mais inacreditáveis considerações.
Assim que terminou a leitura daquele resumo acerca de minha pessoa encarou-me com o semblante sério dizendo:
- Tomei conhecimento de que a população local me denominou O Emissário da lua crescente,... ao longo da história já recebi muitos nomes, mas acho que este soa como o mais ameaçador. – dizendo isto fechou o livro mantendo a caneta na página que havia lido.
- O que você fez com os três ex-desaparecidos?
- Eles fazem parte de um grupo de pessoas escolhidas para participar de uma experiência, um grupo do qual o Sr. faz parte Sr. Strik.
- Que experiência?
- Eu vou lhe contar, mas antes permita-me resumir algumas informações acerca do meu trabalho.
- Prossiga.
- Obrigado pela compreensão, imagino o quanto incomum já lhe parece esta conversa Sr. Strick, mas eu lhe asseguro mais uma vez que todas as minhas palavras são verdadeiras; eu vou tentar lhe explicar de uma maneira clara – e dizendo isto ajeitou o livro sobre a perna, observou o relógio na parede e continuou – e vou tentar ser breve, tenho outra visita ainda esta noite, o que certamente me impedirá de responder-lhe todas as perguntas.
Permaneci em silêncio ainda confuso pelas inacreditáveis palavras daquele estranho, cheguei a considerá-lo realmente maluco, mas diante das revelações pessoais de minha vida que acabara de escutar Eliot Vandrabe relatar, não havia como negar-lhe uma certa credibilidade que me era incômoda; além disso pude perceber que aquele homem estava armado, e mesmo temendo aquele momento, a ousadia superou qualquer precaução de minha conduta, me levando a indagá-lo acerca do assustador objeto que trazia preso na cintura:
- Se é um anjo porque carrega o punhal?
- Proteção Sr. Strick,..apenas proteção.
- Proteção do que?
- Daqueles que não acreditaram em mim, e pensaram que eu era um criminoso, ou um maluco. Acredite, já tive que me defender em certas ocasiões; aqui no seu mundo me comporto como um ser humano comum, sujeito aos mesmos perigos que vocês. Exceto quando apareço para meus anfitriões como o fiz há alguns minutos atrás neste quarto. Nestas ocasiões me é permitido utilizar os meios naturais de aparecimento.
- Desculpe Sr Eliot, realmente não consigo acreditar em tuas palavras.
- Eu sei, e confesso que isto é decepcionante no meu ofício, ainda não possuo o poder de persuasão que gostaria, quase sempre acontece desta forma, e assim não consigo acalmar as pessoas que são escolhidas.
- Me diga de uma vez! escolhidas pra que? estive lendo os jornais e já sei que aquelas pessoas desapareceram por uma semana.
- Exatamente
- Aonde as levou?
- Não as levei a lugar algum Sr. Strick, na verdade elas permaneceram em casa o tempo todo, duvido que tiveram coragem para atravessar os portões.
- Chega deste jogo!! – gritei de maneira explosiva e enérgica denunciando o estado de temor em que me encontrava. Minhas palavras fizeram que Eliot Vandrabe se levantasse, levando a mão a cintura e segurando o punhal ainda preso a seu corpo, me fazendo a revelação mais absurda que já ouvira:
- Elas se tornaram invisíveis!
- Invisíveis??
- Sim, estavam lá o tempo todo, mas não podiam ser vistas, nem ouvidas, não conseguiram nenhuma forma de comunicação com este mundo durante uma semana.
- Que tipo de maluco é você?
- Não sou maluco e minhas palavras são verdadeiras. Pense nas notícias que leu há poucos minutos. Sabe porque aquelas três outras pessoas estão incomunicáveis Sr. Strick?
Permaneci de pé em silêncio observando fixamente Eliot Vandrabe gesticular com as mãos enquanto prosseguia:
- Porque elas disseram a verdade, disseram que estavam nas suas respectivas casas mas estavam invisíveis e impossibilitadas de qualquer forma de contato, pense Sr. Strick! o senhor acreditaria numa história destas? Certamente não!, se afirmasse estas palavras seria taxado de louco e submetido a algum tratamento psicológico, exatamente como está acontecendo com os ex-desaparecidos
- Eu quero que se retire de minha casa agora!
- Eu já vou, apenas mais uma informação, meu intuito aqui é de ajudá-lo, de tentar avisa-lo antecipadamente do que acontecerá no sentido de amenizar seu trauma, porque dentro de alguns minutos vai experimentar uma sensação assustadora de solidão, estará perto das pessoas e não será visto, falará o quanto quiser e não será escutado, o Sr. entendeu?
- Dentro de alguns minutos?!
- Sim, assim que eu desaparecer de sua frente Sr. Strick, o que acontecerá em três minutos.
- Vou me tornar invisível e incomunicável em três minutos?
- Sim,...escute, eu sei que está me achando maluco, e esta história absurda, mas antes de partir tenho apenas um último pedido, talvez se convença de minhas palavras com isto. – Eliot Vandrabe colocou a mão esquerda no pasta e retirou do interior uma pequena máquina fotográfica. – Me permita fotografá-lo depois que o Sr. tiver desaparecido, e quando revelar estas fotos daqui há uma semana então se lembrará de minhas palavras.
Dizendo isto Eliot Vandrabe afastou-se alguns passos ficando bem próximo a parede, e enquadrou uma imagem parcial do escritório por trás das lentes daquela máquina posicionada bem a frente de minha pessoa. Permaneci sentado na velha e desbotada cadeira, afastada um pouco da mesa, observando aquele estranho que focava a máquina em minha direção. A minha frente e sobre a mesa uma máquina de escrever e um aparelho grande de rádio ocupavam quase todo o espaço; sobre o rádio o telefone negro antigo que já não funcionava tão bem amontoava-se com outros pequenos objetos. No canto da mesa havia alguns livros e outro porta retratos com a foto de uma menina trajando um vestido branco, e ao fundo da imagem um armário baixo contendo mais livros e catálogos que havia adquirido nas minhas últimas viagens.
Quando o relógio da parede marcava exatas 23:58hs daquela quinta-feira desapareci dentro de meu escritório. Passaram-se alguns minutos até que Eliot Vandrabe tirasse uma foto de mim antes de sumir diante de meus olhos numa visão inexplicável. Jamais esquecerei sua imagem imóvel de pé, encostado a parede e manuseando a pequena máquina fotográfica, enquanto o observava sentado na cadeira e apoiado com o braço na mesa. Uma semana depois quando revelei a fotografia espantosamente constatei que de fato minha imagem não aparecia na foto, mesmo afirmando para todos que estava sentado naquela cadeira no preciso instante em que Eliot Vandrabe registrou a cena. Afinal uma semana já havia decorrido desde sua visita ao meu escritório, e eu voltara a aparecer conforme havia acontecido com as outras pessoas visitadas pelo Emissário da lua crescente. Tomei a liberdade de publicar no início de meu relato a foto tirada por Eliot Vandrabe naquela noite, e asseguro a todos que tomarem conhecimento desta história, que estou bem ali sentado na cadeira. Quanto ao que aconteceu comigo durante o tempo em que permaneci desaparecido, e mesmo depois do meu retorno, desculpo-me diante do leitor e reservo-me o direito de findar meu relato, que talvez já tenha se tornado cansativo, e por demasiado extenso.

Um comentário:

Cristiana Fonseca disse...

Meu amor belissimo conto,
vc abordou uma linha diferente nesta escrita e de forma muito inteligente.
Adorei o suspense, o surrealismo,
tua escrita é sedutora meu amor , instigante.
És um poeta(ainda que secreto) e um escritor sublime.
Amo vc
Cris